domingo, 21 de junho de 2009

DEFINITIVO

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudên
cia egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...
Carlos Drumond de Andrade

3 comentários:

Inês Valadas disse...

Um óptima opção de texto =)
É simplesmente lindo e verdadeiro.
"Sofremos muito com o que nos falta e desfrutamos pouco aquilo que temos" [William Shakespeare.]
É assim, foi assim, será assim, porque o humano é demasiado limitado, demasiado egoísta, demasiado sonhador. Em suma quer sempre aquilo que custa mais, aquilo que quase não pode ter.
Sei falar assim, eu própria quero um amor impossível.
No entanto e por outro lado, se não sonhássemmos, onde iriamos nós buscar a força para continuar a andar? São os nossos sonhos que nos mantêm em jogo, a lutar por vencer.
A inteligência está naqueles que sonham devagar, pouco e não se elevam demasiado! =D

Beijo*

Karolina disse...

sobre um texto tão sincero, nao comentamos. É só assinar embaixo e dizer "só podia ser Drummond."

Adri * Consultora Mary Kay e Yes! disse...

Que Alegria....passei pra conhecer seu cantinho e adorei!!!!
Beijinhos...